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Revista Conjuntura Econômica, novembro de 2001 • Vol. 55 • nº 11
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Levantamento da consultoria Austin Asis com base nos balanços de 150 bancos, revela que as melhores instituições financeiras no Brasil são Bradesco (varejo), Nossa caixa (publico), BBA Creditnstalt (investimento), BMG (financiamento ao consumo) e citibank (atado e negócios). A metodologia usada na elaboração dos ranking considerou tanto o crescimento quanto o desempenho financeiro e a solidez.
As 150 instituições tinham em junho R$ 832,7 Bilhões em ativos. No mesmo mês do ano passado os ativos eram de R$ 716,1 Bilhões. A maior fatia do bolo (46,4%) coube aos banco de varejo, enquanto os da categoria público passaram a ocupar a segunda colocação, com 35,2%. A participação dos banco de atacado e negócios subiu de 8,1% do total de ativos para 12%.
O lucro liquido dos bancos analisados somou, em junho deste ano, 1,45 bilhão, volume modesto que antes os R$ 4,54 bilhões apurados em igual período do ano passado. Mas o presidente a Austin Asis, Erivelto Rodrigues, tem uma explicação para a queda: a caixa econômica federal, por ter de fazer provisão para a cobertura de créditos problemáticos, Diz Erivelto, a CEF encerrou o primeiro semestre com um prejuízo de R$ 4,39 Bilhões, o que afetou os números do mercado financeiro. Ele destaca ainda que parte dos ativos problemáticos da caixa foi direcionada para a empresa Gestora de Ativos(Emgea), reduzindo assim os ativos do setor público.
Ele destaca, no entanto, que a rentabilidade do sistema financeiro no primeiro semestre do ano atingiu 20%, a maior dos últimos dez anos, superando a do ano passado, que foi de 17%. A melhora, explica, reflete tanto o desempenho das tesourarias quanto o aumento na carteira de crédito e o ganho cambial. Com a valorização do dólar, os banco tiveram ganhos contábeis ao converterem para reais seus investimentos no exterior.
Mas o cenário de crise- turbulências e internas e externas- também respingou nos bancos, que colocaram um pé no freio em suas carteiras de crédito. Havia uma previsão de que os credito teria crescimento de 35% este ano, mas a expansão deve ficar entre de 15% e 20%. Para garantir a liquidez, os bancos reduziram os empréstimos e investiram na compra de títulos públicos. Mesmo assim, Erivelto Rodrigues acha que os resultados deste ano serão bons- um dos melhores, se comparados aos dos demais setores da economia.
Para avaliar o grau de crescimento das instituições financeiras a Austin Asis computou os dados sobre depósitos totais, patrimônio liquido, receita de serviço e operações de credito entre junho de 2000 e junho de 2001.
O desempenho financeiro tomou como base os balanços do primeiro semestre deste ano, com analise de seis indicadores: patrimônio liquido, liquidez imediata, inadimplência, eficiência, rentabilidade do patrimônio liquido e custo operacional.
Todos os bancos avaliados tiveram um pontuação global baseada na fórmula peso um para o crescimento e dois para o desempenho. A pontuação em cada quesito está ligada ao numero de bancos avaliados. Em grupo com 20 bancos, por exemplo, está é a pontuação máxima para o primeiro colocado em cada indicador. Ao final, a pontuação de todas as variáveis é somada, elaborando-se o ranking.
Rodrigues destaca que o setor financeiro continua experimentando um movimento de concentração que ainda deve durar pelos próximos anos. Segundo ele, os dez maiores bancos detém 70% do total e ativos e a tendência para os próximos três anos é de que este percentual chegue a 80%,85%. Em todo o país, são 35 milhões de contas.
A concentração bancaria vem desde 1994, com a estabilização da economia. No período de inflação galopante, os bancos tinham uma receita anual de torno de US$ 15 Bilhões somente com a floating- Os recursos que “dormiam” na conta dos clientes e eram aplicados pelos bancos no overnight. Com a queda da inflação, as instituições buscaram outras fontes de receita, como os serviços.
O presidente da Austin Asis diz que em 1994 os serviços representavam apenas 2,2% das receitas globais dos bancos e que em junho este percentual era de 11,6% , com tarifas que seguem o padrão internacional.
Apesar da concentração do sistema financeiro, Erivelto Rodrigues confessa que se decepcionou com a participação dos bancos estrangeiros, que respondem por 20% do total de ativos, bem superiores aos 4% de 1994, mas sem incomodar ainda os bancos nacionais.
Rodrigues explica que como a maioria desses bancos entrou no Brasil através de compra de instituições com as finanças debilitada- exceto casos como o do ABN Amro bank, que adquiriu o Real- é necessário um certo tempo para que “se arrume a casa”. Ele admite ate que alguns bancos estrangeiros possam deixar o Brasil porque o retorno não tem sido o esperado, mas lembra que algumas instituições abandonaram outros países da América latina, mas mantém suas operações no mercado Brasileiro. Para o presidente da Austin Asis é o binômio eficiência e foco que vai determinar a sobrevivência ou não no mercado, independentemente o tamanho da instituição.
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O mineiro BMG conquistou a liderança no segmento financiamento ao consumo, ao apostar em um nicho de mercado que já começa a dar resultados. O vice-presidente João Batista de Abreu explica que o banco opera com risco pulverizado. O carro chefe é o crédito pessoal para servidores públicos com desconto na folha de pagamento o que corresponde a 60% dos empréstimos.
Apesar de mineiro 55% do crédito pessoal são para funcionários públicos do Rio de Janeiro, superando Minas Gerais que está na segunda colocação, com 28%. O BMG Opera também nos estados do Paraná , de Santa Catarina , do Mato Grosso do Sul , de Goiás e de Pernambuco.
“O banco se orienta em uma visão de que deve ser focado”, enfatiza Abreu, ao salientar que o negócio da instituição é o crédito pulverizado com risco diluído e que, assim, está imune aos modismos.
O executivo revela ainda que está em fase embrionária a concessão de crédito para os trabalhadores da iniciativa privada, em um modelo semelhante aos dos servidores públicos, com desconto na folha salarial. Mas a atuação do BMG não se limita a estas operações atuando também no financiamento de veículos.
Os negócios com crédito caminham de maneira consistente. Abreu destaca que desta carteira de crédito para os servidores públicos que , em junho era de R$257 milhões, em outubro já havia crescido R$320 milhões.Com a estratégia, o BMG está em terceiro lugar inadimplência e na quinta colocação em rentabilidade. Batista destaca que a rentabilidade deste ano, entre 16% e 17%, deve chegar a 20% no próximo ano.
O executivo explica ainda que o banco apenas oito agências, apesar de estar presente em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná, em Santa Catarina, em Pernambuco, em Goiás, no Mato Grosso do Sul, e em Brasília. Ele pondera que agências funcionam basicamente como um ponto de reunião para formalizar operações, e onde não há agências a ação do BMG é garantida pela atuação de representantes. Outra característica do BMG é que o Banco não tem conta corrente.
O banco, presidido por Flávio Pentagna, é o braço financeiro do Grupo BMG(da família mineira Guimarães)e está presente no setor imobiliário, na indústria, na agropecuária, e no setor de serviços. A família Guimarães fundou o banco nos anos 30, com o nome de Banco de Crédito Predial. Em 1936 o nome foi alterado para Banco de Minas Gerais.
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